A diferença na postura é significativa. Enquanto outras gestões ignoraram a street culture (cultura de rua) em Maringá – chegando a destruir pista e quase destruir o banks – a gestão Ulisses Maia não só reformou a pista de skate na avenida Cerro Azul, como construiu outra pista na Praça da Glória. Agora dá o apoio definitivo com a inauguração do Maringá Skate Park, na Vila Olímpica, amanhã, 1º de fevereiro. “Prefeitura concretiza um sonho para diferentes gerações em Maringá”, considera o diretor da Juventude de Maringá, Adriano Bacurau.
Ele mesmo que tanto fez por conta própria pelo skate maringaense. De tantas fases do banks, passando por campeonatos organizados de maneira independente até tirar dinheiro do próprio bolso visando mostrar o skate como atividade esportiva, cultural e social. Um de tantos profissionais vivendo da cultura de rua hoje na cidade.
Mas Bacurau não é único nessa batalha de décadas. Um dos pioneiros no skate maringaense, Guilherme Ogava, 57 anos, vê o sonho virando realidade. “A Praça de Patinação teve vários projetos, nenhum concretizado. Na administração do Ulisses Maia que esse sonho foi se tornando realidade. É um marco no skate maringaense“, considera Ogava.
Ele foi um dos primeiros adolescentes a andar de skate na então pista de patinação – hoje banks. E seguiu fotografando, filmando e ajudando a construir obstáculos de madeira sem apoio nenhum.
Outro que “ralou” muito pelo skate foi William “Truta”, 43 anos. Foi a personificação do preconceito contra o skate. Lembra que entrava no shopping com o “carrinho” embaixo do braço, seguranças iam atrás. Chegava no banks para andar de skate, polícia chegava em seguida. Mesmo com todas dificuldades e perseguições, sempre batalhou pelo desenvolvimento da cultura de rua na cidade entre décadas de 1990 e 2000. “Enfrentei abaixo-assinado para acabar com banks, prefeitura com descaso não fazendo manutenção da pista, não recebia autorização para fazer os campeonatos“, lembra dos problemas que teve no passado, também tirando dinheiro do bolso para arrumar a pista no banks.
Truta saiu de Maringá em 2016 e hoje vive do skate em Los Angeles, Califórnia, EUA. Meca do skate mundial. De lá acompanha o skate em Maringá tendo apoio na gestão Ulisses Maia. E parabeniza o amigo Bacurau pelo empenho nos projetos da Diretoria da Juventude, incluindo inauguração do Skate Park.
FASES – Praça Pedro Álvares Cabral, na Zona 2, tem 677 m² e foi projetada pelo arquiteto Luty Vicente Kasprowicz. Banks já teve half pipe, mini ramp e diversos obstáculos e pisos. Quase sempre por iniciativa dos skatistas que passavam dias serrando, martelando, cimentando e pintando.
Maringá que sempre teve destaque nacional pelos talentos individuais, agora será referência também na estrutura skatista com o Skate Park. É mais um impulso para a atividade que já foi marginalizada e hoje tem pais andando de skate com filhos. Contraste com o perfil econômico do setor hoje. Há grande concorrência entre skate shops, incluindo lojas sofisticadas em shoppings com grifes gringas e diversas lojas de rua que mantém vínculo com origem da street culture.
Maringá Skate Park tem 1.093,30 m², obstáculos na categoria street e faz jus à cultura hip hop que tem relevantes representantes no RAP, grafiti, dança e street wear em Maringá. Inauguração amanhã, 1º, na Vila Olímpica terá shows e discotecagens no palco e manobras na pista, com entrada gratuita a partir das 10h.
ORIGEM
• COMEÇO – praça Caravelas foi construída na avenida Cerro Azul, na Zona 2, na colonização de Maringá;
• 1964 – praça foi rebatizada Pedro Álvares Cabral;
• 1975 – construída pista de patinação, influenciada pela cultura discoteque dos Estados Unidos;
• final década de 1970 – mania dos patins passou, jovens passaram a andar com skates na pista. O que acontecia em todo o Brasil. Mais uma vez sob influencia americana. Dessa vez dos californianos Z-Boys, de Dogtown;
• 2001 – criada Associação dos Skatistas de Maringá (ASKM) para trabalhar políticas públicas para o skate como esporte;
• 2008 – velódromo inaugurado na Vila Olímpica. Tinha pista de skate, que foi destruída pela prefeitura na época;
• 2010 – aberto Espaço Chabelo, com pista na UEM;
• 2017 – street culture passa a ser valorizada pelo poder público. Gestão Ulisses Maia reforma o banks. Skatista Adriano Bacurau assume Gerência da Juventude;
• 2018 – inaugurada pista na Praça da Glória;
• 2019 – Gerência da Juventude passa a ser Diretoria;
• 2020 – inauguração do Maringá Skate Park.