Cotidiano

Por que 2020 é o ano para visitar o Cairo

O turismo na capital do Egito caiu desde revolta em 2011, mas seus moradores veem no novo Grande Museu Egípcio uma esperança de reinvenção para a cidade. A cidade do Cairo, fundada no ano 969, não é tão antiga quanto as pirâmides de 4.500 anos de idade do outro lado do Nilo — mas guarda suas próprias preciosidades
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Fundado em 969, o Cairo moderno pode parecer jovem na comparação com as pirâmides de 4.500 anos de idade do outro lado do Nilo. Mas a cidade teve seu próprio pedaço da história em sua trajetória, incluindo ocupações pelos otomanos e britânicos, além de revoluções que mudaram o curso do país.
O Cairo e a história da região — da antiga à mais contemporânea — estarão em breve expostos no Grande Museu Egípcio, que será o maior do mundo dedicado a uma única civilização. Localizado a 2 km das Grandes Pirâmides, ele deverá ser inaugurado no final deste ano.
“Sei que poderei ver algumas obras-primas incríveis pela primeira vez na minha vida, pois muitas estavam guardadas em acervos e agora irão para exibição”, comemora Sayed Abed Al Razek, um guia local da agência Osiris Tours.
“Moradores como eu também estão realmente ansiosos pela abertura (do museu), porque ela aumentará o turismo, o que, por sua vez, ajudará a economia egípcia.”
Abed Al Razek e outros egípcios veem na inauguração do museu uma nova fase para o Cairo e para o país no turismo mundial. A vinda de turistas vinha diminuindo desde a Revolução Egípcia de 2011, que levou à queda do ex-presidente Hosni Mubarak.
Museu a ser inaugurado no final de 2020, segundo os planos, será o maior do mundo dedicado a uma única civilização
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O que os fãs do Cairo dizem sobre ele?
Com mais de 20 milhões de pessoas em sua área metropolitana, o Cairo é essencialmente “pulsante”, de acordo com Lauren K Clark, escritora americana que mora na cidade desde 2010. Ela atribui essa característica às variadas culturas, classes sociais e características naturais encontradas ali.
“Tem o lado moderno, agitado, baladeiro. Tem o lado rural, com muito verde e pastagens. Tem ainda a parte que você se sente na Antiguidade”, descreve a escritora. “O fascinante é que o Cairo conseguiu sustentar todas essas diferentes facetas. Essa é a mágica e a maravilha da cidade.”
O australiano Dana Hooshmand, que escreve no site Discover Discomfort (Descubra o desconforto, em inglês), concorda que a cidade tem um burburinho excepcional.
“Você sai pela porta e de repente é recebido por mil veículos costurando um ao outro como formigas, pelo som de centenas de buzinas juntas, por pessoas andando pelo engarrafamento com cestas de pão na cabeça para venda, além de carroças com burros transportando o lixo”, conta. “É de tirar o fôlego, mas você não pode deixar de se sentir vivo.”
A cena gastronômica também passou por reviravoltas desde 2011, com o surgimento de novos restaurantes.
“Alguns são inspirados pelos gostos globais, enquanto outros recorrem às raízes tradicionais”, explica Abed Al Razek.
Que tal provar um ‘koshary’, o prato nacional do Egito, em 2020?
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Ele diz que ninguém deve sair do Egito sem experimentar “pelo menos algumas tigelas” de koshary, o saudável prato nacional do Egito que combina lentilhas, arroz, grão de bico, cebola frita e macarrão, coberto com molho de tomate vinagrado e com muito tempero.
Clark também sugere que os turistas visitem Maadi, um subúrbio do sul do Cairo, para conhecer a Road 9, uma rua repleta de restaurantes que servem de tudo, desde sushi a comida de rua egípcia.
“Eu chamo essa rua de ‘a rua dos sonhos culinários’, porque realmente se trata disso”, conta.
Como é morar na capital egípcia?
Os moradores dizem que qualquer pessoa que se mude para o Cairo deve estar preparada para o agito de uma grande cidade. Embora os novos projetos de infraestrutura e desenvolvimento sejam grandes e possam causas alguns transtornos, há algumas maneiras de circular pela metrópole e, na comparação com outras grandes cidades do mundo, o transporte pode ser considerado mais acessível.
“Adoro poder esticar a mão para pegar um táxi ou um ônibus, um tuk-tuk, trem ou Uber”, comemora Clark.
Os moradores recomendam também uma atitude descontraída no dia-a-dia da capital egípcia, pois nem sempre as coisas correm conforme o planejado.
“Se você tiver muita rigidez, como horários fixos ou a necessidade de uma ordem muito específica, ficará muito desapontado”, explica a americana. “O Cairo ensina você a seguir o fluxo e saborear as lições aprendidas ao longo do caminho.”
Falar árabe egípcio pode ajudar os novatos nesse fluxo.
‘Pulsante’: assim a escritora americana Lauren K Clark descreve o Cairo, onde vive atualmente
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“O Cairo é cosmopolita e você pode se virar em inglês”, explica Hooshmand. “Mas você se divertirá muito mais se souber árabe.”
Ao lado de suas preciosidades antigas — incluindo a mesquita Al-Azhar, de 972, e a parte copta da cidade, onde ainda há torres romanas e igrejas com arte cristã primitiva —, os habitantes locais também querem ser conhecidos pelo que estão trazendo para o presente.
“O povo do Cairo e o Egito como um todo estão levando imagens positivas e saudáveis ​​do Egito no mundo”, opina Clark. “Eles estão na competição, se aprimorando e desejosos por mostrar sua capacidade de se recuperar uma presença mais pujante no cenário mundial.”
Como parte disso, o novo governo está apostando em um plano ambicioso para reconstruir a capital a 45 km leste do Cairo, em uma área atualmente chamada de Nova Capital Administrativa. A intenção é criar uma “cidade inteligente”, com transporte sem pagamentos físicos e numerosos parques e áreas verdes. No entanto, a escassez de fundos causou inúmeros atrasos no seu andamento.
O que mais um visitante precisa saber?
Em relação ao Cairo, as famosas pirâmides de Gizé ficam do outro lado do Rio Nilo
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Surgiram novos desafios desde a Revolução de 2011, principalmente na economia. A inflação explodiu: em 2010, um dólar americano valia 5,7 libras egípcias; em 2018, valia 17,8 libras egípcias. As coisas melhoraram um pouco desde então, com 1 dólar americano agora valendo cerca de 16 libras egípcias.
“A economia está melhorando agora”, assegura Abed Al Razek. “Especialmente com o turismo voltando ao Egito.”
Apesar do progresso econômico, o assédio às mulheres continua sendo um problema no Cairo. Um estudo da ONU de 2013 relatou que 99,3% das mulheres egípcias já sofreram algum tipo de assédio.
“O Egito já era o pior lugar do Oriente Médio em relação aos assédios, e ainda é”, conta Hooshmand.
As mulheres da cidade estão reagindo. Ativistas locais criaram recursos como o HarassMap — um mapa interativo que permite às mulheres relatar incidentes e também quando alguém interveio para ajudar.
Embora os moradores sejam honestos quanto aos desafios atuais que a comunidade enfrenta, o australiano afirma que os egípcios são fortes quanto aos problemas porque acreditam que o país pode mudar.
“Eles acham que o futuro pode ser brilhante”, diz ele. “E desde que [haja] mudanças sistêmicas, o Egito pode alcançar alturas ainda maiores do que no passado.”
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redação

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