Cotidiano
Cachoeiras com águas cristalinas são atrativo de região quilombola na Chapada dos Veadeiros
Queda da Santa Bárbara pode receber apenas 300 visitantes por dia; passeio pode ser feito por guias locais. Cachoeiras com águas cristalinas são atrativo de região quilombola na Chapada dos Veadeiro
Fora do circuito tradicional de quem procura a Chapada dos Veadeiros, cachoeiras com águas cristalinas e a oportunidade de conhecer um território quilombola têm atraído turistas ao Engenho II, em Goiás. A comunidade faz parte do Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga, o maior quilombo do país.
650 mil famílias se declaram ‘povos tradicionais’ no Brasil
Hidrelétrica ameaça comunidade que vive há 300 anos no maior quilombo do Brasil
Quilombolas transformam plantas do Cerrado em remédios, alimentos e cosméticos
Quilombolas se mudam por uma semana para vila feita só para romaria
A estrela do roteiro é a cachoeira Santa Bárbara. Com uma queda de 28 metros e cor azul turquesa, os turistas chegam a fazer fila para tirar foto no melhor ângulo da cachoeira – ainda que isso os faça perder parte da uma hora autorizada aos visitantes no local. A cor da água é resultado da formação de calcário do fundo da cachoeira. A hora mais desejada dos turistas no local é entre as 10h e 13h, quando a luz do sol incide na água, revelando todas as cores da cachoeira.
Por ser um local de preservação ambiental, além do tempo de permanência, a cachoeira recebe no máximo 300 turistas por dia.
Cachoeira Santa Bárbara é a estrela do roteiro turístico de Cavalcante. Água azul turquesa é resultado da formação de calcário do lugar
Fábio Tito/G1
Em outras cachoeiras, como Candaru e Capivara, não há tempo máximo de permanência, e o limite de visitantes diários sobe para 400.
O Engenho II é uma área do município de Cavalcante, distante quatro horas de carro de Brasília, pela BR-010. Do centro de Cavalcante, o turista percorre mais uma hora para chegar ao Centro de Atendimento ao Turista (CAT) do Engenho II.
Lá, é obrigatório contratar um guia cadastrado para acessar a rota das cachoeiras. Cada guia acompanha grupos de até seis pessoas. Para visitar duas cachoeiras, a diária do profissional sai R$ 100. Para ir em três, R$ 150.
Além da diária do guia, é preciso pagar pelo ingresso das cachoeiras. No CAT, a entrada da Santa Bárbara, a mais cara, custa R$ 20. Das 300 entradas diárias, 100 são vendidas pela internet. Assim, o visitante evita ter que chegar muito cedo no CAT para garantir o ingresso.
Cachoeira Candaru tem uma queda de 80 metros e limite de 400 visitantes por dia
Fábio Tito/G1
As trilhas do roteiro das cachoeiras foram planejadas pelos kalungas para não causar estragos à natureza. Na caminhada até a Santa Bárbara, por exemplo, o trajeto mais curto seria seguir em linha reta, mas um trecho do percurso é feito em zigue-zague, para evitar a erosão do solo.
“O caminho é planejado para a preservação do Cerrado, das pessoas que aqui vivem. Porque tem pessoa que só vai vir aqui uma vez na vida, e a gente vai permanecer aqui a vida toda”, disse o guia ambiental Geovan dos Santos Moreira.
Turismo ‘aquilombado’
O dinheiro arrecadado com os ingressos das cachoeiras é direcionado para as associações kalungas da região. O recurso é usado para a manutenção e melhoria da infraestrutura local.
Com o dinheiro do turismo, o Engenho II conseguiu ter água encanada e até Wi-Fi em alguns pontos – serviços básicos que ainda não chegaram em outras comunidades quilombolas da região, como o Vão de Almas e o Vão do Moleque.
Já há, porém, a preocupação de que a exploração do turismo possa ser predatória e relegue aos habitantes e histórias locais um papel secundário.
O guia ambiental Geovan dos Santos Moreira conta a história kalunga durante o passeio guiado nas cachoeiras de Cavalcante
Fábio Tito/G1
Para a turismóloga Rosiene Francisco dos Santos, é preciso apresentar aos turistas roteiros e passeios que incluam os conhecimentos dos kalungas. Assim, acredita ela, a memória kalunga não se perderia em meio às selfies tiradas pelos turistas. “Quando falam desta área da Chapada dos Veadeiros, às vezes o quilombo é apagado, é silenciado”.
Rosiene defendeu sua tese no mestrado da UNB sobre os limites e possibilidades da exploração do turismo na região. Pensando nisso, ela criou o termo “turismo aquilombado”.
“O turismo lá começou pelos galhos e esqueceu o tronco e as raízes. Esse ‘aquilombado’ é nesse sentido, de as pessoas tentarem ver ou entender a raiz, e depois irem para os galhos”.
Uma das maneiras de conhecer a história local é contratando um profissional kalunga. “Assim, você ajuda a contribuir com a economia local da comunidade, além de ter todas as informações do território vindas de quem vive aqui mesmo”, disse o guia Geovan.
Existe também o estudo para a criação de um centro de memória kalunga no CAT engenho II.
Uma das maneiras de conhecer a história local é contratando um profissional kalunga.
Fábio Tito/G1
Mestra em Turismo pela UNB, Rosiene dos Santos escreveu sobre os limites e possibilidades do turismo na região quilombola
Fábio Tito/G1
SERVIÇO
Ingressos pela internet: http://quilombokalunga.ecobooking.com.br
Dias do ano que os atrativos são fechados por causa dos festejos tradicionais:
Janeiro: 6 e 7 (Folia de Reis); 17 a 21 (São Sebastião)
Julho: 9 a 14 (Santo Antônio)
Setembro: 1 a 6 (Nossa Senhora das Neves)
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Fora do circuito tradicional de quem procura a Chapada dos Veadeiros, cachoeiras com águas cristalinas e a oportunidade de conhecer um território quilombola têm atraído turistas ao Engenho II, em Goiás. A comunidade faz parte do Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga, o maior quilombo do país.
650 mil famílias se declaram ‘povos tradicionais’ no Brasil
Hidrelétrica ameaça comunidade que vive há 300 anos no maior quilombo do Brasil
Quilombolas transformam plantas do Cerrado em remédios, alimentos e cosméticos
Quilombolas se mudam por uma semana para vila feita só para romaria
A estrela do roteiro é a cachoeira Santa Bárbara. Com uma queda de 28 metros e cor azul turquesa, os turistas chegam a fazer fila para tirar foto no melhor ângulo da cachoeira – ainda que isso os faça perder parte da uma hora autorizada aos visitantes no local. A cor da água é resultado da formação de calcário do fundo da cachoeira. A hora mais desejada dos turistas no local é entre as 10h e 13h, quando a luz do sol incide na água, revelando todas as cores da cachoeira.
Por ser um local de preservação ambiental, além do tempo de permanência, a cachoeira recebe no máximo 300 turistas por dia.
Cachoeira Santa Bárbara é a estrela do roteiro turístico de Cavalcante. Água azul turquesa é resultado da formação de calcário do lugar
Fábio Tito/G1
Em outras cachoeiras, como Candaru e Capivara, não há tempo máximo de permanência, e o limite de visitantes diários sobe para 400.
O Engenho II é uma área do município de Cavalcante, distante quatro horas de carro de Brasília, pela BR-010. Do centro de Cavalcante, o turista percorre mais uma hora para chegar ao Centro de Atendimento ao Turista (CAT) do Engenho II.
Lá, é obrigatório contratar um guia cadastrado para acessar a rota das cachoeiras. Cada guia acompanha grupos de até seis pessoas. Para visitar duas cachoeiras, a diária do profissional sai R$ 100. Para ir em três, R$ 150.
Além da diária do guia, é preciso pagar pelo ingresso das cachoeiras. No CAT, a entrada da Santa Bárbara, a mais cara, custa R$ 20. Das 300 entradas diárias, 100 são vendidas pela internet. Assim, o visitante evita ter que chegar muito cedo no CAT para garantir o ingresso.
Cachoeira Candaru tem uma queda de 80 metros e limite de 400 visitantes por dia
Fábio Tito/G1
As trilhas do roteiro das cachoeiras foram planejadas pelos kalungas para não causar estragos à natureza. Na caminhada até a Santa Bárbara, por exemplo, o trajeto mais curto seria seguir em linha reta, mas um trecho do percurso é feito em zigue-zague, para evitar a erosão do solo.
“O caminho é planejado para a preservação do Cerrado, das pessoas que aqui vivem. Porque tem pessoa que só vai vir aqui uma vez na vida, e a gente vai permanecer aqui a vida toda”, disse o guia ambiental Geovan dos Santos Moreira.
Turismo ‘aquilombado’
O dinheiro arrecadado com os ingressos das cachoeiras é direcionado para as associações kalungas da região. O recurso é usado para a manutenção e melhoria da infraestrutura local.
Com o dinheiro do turismo, o Engenho II conseguiu ter água encanada e até Wi-Fi em alguns pontos – serviços básicos que ainda não chegaram em outras comunidades quilombolas da região, como o Vão de Almas e o Vão do Moleque.
Já há, porém, a preocupação de que a exploração do turismo possa ser predatória e relegue aos habitantes e histórias locais um papel secundário.
O guia ambiental Geovan dos Santos Moreira conta a história kalunga durante o passeio guiado nas cachoeiras de Cavalcante
Fábio Tito/G1
Para a turismóloga Rosiene Francisco dos Santos, é preciso apresentar aos turistas roteiros e passeios que incluam os conhecimentos dos kalungas. Assim, acredita ela, a memória kalunga não se perderia em meio às selfies tiradas pelos turistas. “Quando falam desta área da Chapada dos Veadeiros, às vezes o quilombo é apagado, é silenciado”.
Rosiene defendeu sua tese no mestrado da UNB sobre os limites e possibilidades da exploração do turismo na região. Pensando nisso, ela criou o termo “turismo aquilombado”.
“O turismo lá começou pelos galhos e esqueceu o tronco e as raízes. Esse ‘aquilombado’ é nesse sentido, de as pessoas tentarem ver ou entender a raiz, e depois irem para os galhos”.
Uma das maneiras de conhecer a história local é contratando um profissional kalunga. “Assim, você ajuda a contribuir com a economia local da comunidade, além de ter todas as informações do território vindas de quem vive aqui mesmo”, disse o guia Geovan.
Existe também o estudo para a criação de um centro de memória kalunga no CAT engenho II.
Uma das maneiras de conhecer a história local é contratando um profissional kalunga.
Fábio Tito/G1
Mestra em Turismo pela UNB, Rosiene dos Santos escreveu sobre os limites e possibilidades do turismo na região quilombola
Fábio Tito/G1
SERVIÇO
Ingressos pela internet: http://quilombokalunga.ecobooking.com.br
Dias do ano que os atrativos são fechados por causa dos festejos tradicionais:
Janeiro: 6 e 7 (Folia de Reis); 17 a 21 (São Sebastião)
Julho: 9 a 14 (Santo Antônio)
Setembro: 1 a 6 (Nossa Senhora das Neves)
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