Delegado da Denarc é indiciado
Corregedoria da PCPR considerou que houve falsidade ideológica e prevaricação em caso ocorrido em abril envolvendo venda de relógios de luxo levados em assalto ocorrido em Mairiporã (SP)
Vai ficar a cargo do promotor Pedro Ivo de Andrade, da 20ª Promotoria de Justiça de Maringá, o caso envolvendo o delegado Leandro Roque Munin, titular da Divisão Estadual de Narcóticos (Denarc) de Maringá. Na segunda-feira, 18, ele foi indiciado por falsidade ideológica e prevaricação, pela 5ª Corregedoria da Polícia Civil, que tem sede em Londrina.
O delegado figura em inquérito policial instaurado após fato ocorrido em abril deste ano em Maringá. Aqui, a polícia de Mairiporã (SP) cumpriu mandados de busca e apreensão e encontrou 94 relógios de luxo e outros itens valiosos na casa de um comerciante que reside em um condomínio e tem loja na avenida XV de Novembro, região central da cidade. Ao menos um dos relógios foi reconhecido por empresário de São Paulo como tendo sido roubado de sua residência em São Paulo, em fevereiro, durante assalto cometido por 3 homens; o prejuízo foi superior a R$ 2 milhões.
O objeto havia sido colocado à venda na internet pela loja de Maringá, o que ocasionou a denúncia e expedição de mandados. Em São Paulo, o caso foi apurado pelo delegado Hevaldo Pedroza Bastos, que esteve em Maringá na data da apreensão. Consta que o material apreendido foi levado para a delegacia de polícia.
De acordo com os autos do inquérito, em 3 de abril o delegado de plantão da 9ª Subdivisão Policial de Maringá era o delegado Leandro Munin. Com a constatação de que alguns relógios de luxo não tinham origem comprovada e alguns deles foram reconhecidos pela vítima, o delegado ratificou a voz de prisão dada pelos condutores, pela prática do crime de receptação qualificada. Posteriormente, depois que os policiais paulistas deixaram a cidade, o delegado teria, ao final, não autuado o conduzido e instaurado portaria de tal fato para posterior continuidade nas investigações.
De acordo com a relatora Eliane Aparecida Ribeiro, da 5ª Corregedoria, crimes de prevaricação e falsidade ideológica foram cometidos pelo delegado, conhecido por comandar a Denarc. Ela foi incisiva em relação à falsidade ideológica, pois consta que ele teria enviado à 9ªSDP um investigador para buscar vídeos de monitoramento da delegacia, com ofício em nome de uma corregedora, isso após o inquérito ter sido encaminhado para o 2º Distrito Policial de Maringá. Como não foi apresentado nenhum documento que comprovasse a ordem ou consentimento da corregedora, as imagens não foram cedidas.
As imagens mostrariam que, no dia da prisão do receptador de relógios de luxo, o delegado Leandro recebeu a visita de pessoa (policial militar aposentado), que foi representar o sogro do receptador, para que ele ajudasse o empresário. Como o flagrante foi anulado, a corregedoria entendeu que houve prevaricação. A denúncia que resultou no inquérito partiu do delegado de São Paulo; para não ser punido, o delegado teria coagido três policiais que estavam de plantão no dia do fato; eles não foram indiciados pela corregedoria. Dois advogados londrinenses farão a defesa de Munin. A reportagem entrou em contato e aguarda manifestação solicitada ao delegado. (inf Angelo Rigon)



