Fifa e CBF proíbem Biteco de homenagear irmão morto na tragédia da Chape
Desde junho de 2014, por determinação da International Football Association Board (IFAB), órgão da Fifa, os jogadores de futebol não podem mais levantar suas camisas para exibir uma mensagem na roupa de baixo, mesmo que o conteúdo dela seja de cunho educativo ou solidário.
A norma criada pela Fifa e seguida à risca pela CBF não dá margem para brechas. Ninguém pode.
Coloca no mesmo balaio o atleta que vende o momento do gol para um patrocinador, valendo-se das transmissão ao vivo para exibir uma segunda camiseta, a Guilherme Biteco, destaque do Paraná na vitória contra o Atlético-MG nesta quarta (24).
Biteco, todos sabem, usa uma camisa com fotos do irmão Matheus Biteco, uma das vítimas em novembro de 2016 na queda do avião da Chapecoense. São três imagens estampadas. Uma deles criança, outra começando a carreira no Grêmio e uma última de Matheus na Chape.
O jogador paranista prometeu que toda vez que marcar um gol vai homenagear o irmão morto. Mas por causa de uma regra estúpida, sem dimensionar oportunismo e sensibilidade, ele não pode.
Contra o Vitória (em 13 de abril), Guilherme marcou pela primeira vez desde a perda do seu irmão. Chorou, emocionou o Brasil, mas levou o protocolar cartão amarelo. Embora insensível como a estúpida norma, o árbitro seguiu a regra, não tem culpa. Agora, diante do Galo, poderia ter ocorrido coisa pior.
Ao anotar o primeiro gol, repetiu o gesto e recebeu nova advertência por fugir do padrão estabelecido pela Fifa e que a CBF segue como nenhuma outra confederação. Depois, ao balançar a rede mais uma vez, teve a frieza de não exibir a mensagem. Se o fizesse, seria expulso. Isso mesmo, expulso.
Diante de vários episódios de corrupção nos últimos anos, pode-se dizer que a Fifa e a CBF não têm grandeza moral. Mas deveriam ter com Guilherme Biteco. Sua mensagem é de cunho pessoal e não deixa esquecer uma das mais trágicas histórias do futebol mundial.