Denúncia

Professor da UEM é denunciado por assédio sexual

Processo administrativo disciplinar aberto após sindicância investiga professor da UEM acusado por alunas de assédio e importunação sexual

Acontecem nesta quinta e sexta-feiras os depoimentos em processo administrativo disciplinar contra um professor do curso de Física Médica da Universidade Estadual de Maringá, campus de Goioerê, acusado de assédio moral, sexual e importunação sexual. A denúncia, ocorrida no início de agosto passado, foi feita através do site UEM Sem Assédio, iniciativa do Grupo de Trabalho do Comitê de Direitos Humanos que visa a eliminar todas as formas de assédio (moral, sexual, discriminação ou preconceito).

O professor investigado, que não foi afastado e após a formalização da queixa foi nomeado para outros cargos pelo reitor Leandro Vanalli, foi denunciado por alunas e, depois, com suas respectivas testemunhas, encaminharam as denúncias à Ouvidoria do Estado. Ele é acusado de passar as mãos entre as pernas de uma aluna por duas vezes e ter mordido o ombro de outra. Os fatos teriam ocorrido na presença de outros alunos, testemunhas que fizeram seus depoimentos na sindicância. Ele teria ainda tentado assediar moralmente professoras colaboradoras que iriam prestar concurso público na vaga de docente do departamento, além de ser acusado de vazar dados relativos a provas de concurso antes de serem oficialmente anunciadas no site da UEM e no Diário Oficial.

Em Goioerê houve boatos sobre uma câmera em banheiro usado por filhas menores de idade de sua diarista, que, ao encontrar o objeto, pediu demissão. Foi após esses boatos que as estudantes decidiram fazer a denúncia, inclusive com varredura no laboratório que era frequentado por ele. Elas encontraram câmeras “camufladas em relógio, espelhos, dentro de canos”. Também foi encontrada uma caixa com três calcinhas usadas de tamanho juvenil, mostradas para o chefe de departamento e para o coordenador de curso. Todos esses fatos estão relatados nos depoimentos da sindicância. Na denúncia à Ouvidoria foi anexado um áudio em que o professor estaria tentando coagir uma das estudantes, após ficar sabendo que havia sido denunciado.

O professor foi nomeado em cargo comissionado indicado pelo reitor no Hospital Veterinário da UEM em 1º de agosto de 2024 (portaria 802/2024-GRE) e quando as denúncias aconteceram ele foi nomeado para mais um cargo, na Clínica Odontológica da instituição, no dia 16 do mesmo mês (portaria 848/2024-GRE). Após a sindicância, os membros da mesma indicaram abertura de processo administrativo, instaurado em 14 de novembro de 2024, ato publicado no Diário Oficial do Paraná. Os denunciantes foram convocados para novos depoimentos, que acontecem amanhã, de forma remota, com o depoimento de duas professoras temporárias, dois alunos e o acusado, e sexta, de forma presencial, no campus da UEM de Goioerê, ouvindo-se duas alunas e uma testemunha.

O acusado seguiu sendo nomeado mesmo com a sindicância instaurada, o que indignou os envolvidos. Um outro profissional da instituição poderia substituí-lo na tarefa, por ser efetivo no campus-sede. “Como um professor com acusações tão sérias continua vinculado e com trânsito livre dentro de um hospital!??”, questiona colega que acompanha o caso.

Posição da UEM – A propósito do caso, a UEM, através da Assessoria de Comunicação, divulgou nota informando que a comissão de sindicância foi constituída em 20 de agosto, através de portaria assinada pela diretora do Centro de Ciências Exatas, para apurar a conduta do professor. Após a conclusão dos trabalhos, a Comissão de Sindicância recomendou a instauração de um processo administrativo disciplinar (PAD). O reitor Leandro Vanalli acatou a recomendação e nomeou uma comissão, formada por professores da UEM cujos membros foram indicados pelo corregedor, para deliberar sobre o assunto em 14 de novembro de 2024, através da portaria nº 1.213/2024-GRE. Enfatiza que não houve, em nenhum momento, substituição dos membros das comissões.

Ainda de acordo com a ASC/UEM, a nomeação do professor para as funções de supervisor do serviço de radioproteção do Hospital Veterinário de Umuarama e da Clínica Odontológica ocorreu anteriormente à abertura da sindicância e foi baseada em critérios técnicos, considerando a especialização do professor em radiologia e radioproteção.

“A UEM reafirma seu compromisso com a condução imparcial e responsável do caso, assegurando o respeito aos princípios da transparência, da legalidade e do direito à ampla defesa”, diz a nota, que resume: a UEM tomou as medidas cabíveis para apurar a conduta do professor de Física Médica, seguindo os trâmites legais com a instauração de sindicância e posterior processo administrativo disciplinar.
A nomeação do professor citado para a supervisão dos serviços de radioproteção foi anterior à sindicância e baseada em critérios técnicos. (inf Angelo Rigon)

Mostrar mais

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo