Empresário suspeito de fraudar licitação de blindados da PRF era procurado pela Interpol
Um empresário suspeito de fraudar licitações de blindados para a Polícia Rodoviária Federal era procurado pela Interpol, a polícia internacional, quando fechou os contratos. Ele usava carros da própria PRF para fazer a segurança particular da empresa. As informações foram veiculadas ontem pelo Jornal Nacional.
O homem, cercado de seguranças, não é uma autoridade. É o empresário Maurício Junot de Maria. O homem que teme a bandidagem é administrador e representante da Combat Armor Defense, especializada em blindados, com fábrica em Indaiatuba (SP).
Em 2020, a Combat abriu uma loja na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Durante quatro meses, o Jornal Nacional acompanhou a movimentação. Na porta, segurança reforçada. Em dias diferentes, sempre havia um carro da Polícia Rodoviária Federal.
Era assim, protegido por agentes pagos com dinheiro público, que Junot costumava circular pelo Rio até o começo de 2023. Mas essa loja foi fechada em abril, depois de uma grande reforma.
A relação da empresa de blindados com a Polícia Rodoviária Federal vem desde a instalação da Combat no Brasil, em 2019. Em imagens feitas em setembro de 2020, Silvinei Vasques, então superintendente da PRF, apresenta viaturas blindadas pela Combat a deputados bolsonaristas.
Na semana passada, na CPI que apura os atos golpistas de 8 de janeiro, Silvinei Vasques negou que tenha conseguido emprego na fábrica da Combat, em Indaiatuba, ao deixar a superintendência da PRF. Mas, deputados mostraram um cartão de visitas de Silvinei apresentado como vice-presidente da empresa.
Em 2020 e 2021, a Combat foi a vencedora de algumas das principais licitações para fornecimento de carros blindados para a área de segurança pública do governo federal, para a Polícia Rodoviária Federal de seis estados e para a Polícia Militar do Rio de Janeiro. Contratos milionários que, em apenas quatro anos, ajudaram a aumentar o capital inicial da Combat em 27 vezes – o valor do patrimônio pulou de R$ 1 milhão, em 2019, para R$ 27,4 milhões em 2022.
Por trás desse negócio lucrativo, além da proximidade com o poder, a grande experiência de Maurício Junot no mercado de blindagem. O empresário, com cidadanias brasileira e americana, era o dono da empresa High Protection Company. A HPC blindava as supervans usadas por executivos e membros do governo americano na área de conflito na guerra do Iraque, em 2005. Ele virou notícia nos jornais, lembra a reportagem.
O que não aparece publicamente entre as credenciais do empresário é o histórico criminal dele. Quando venceu as licitações federais e estaduais, Maurício Junot de Maria era procurado pela Interpol, a polícia internacional, por fraude financeira em Dubai, nos Emirados Árabes. (leia mais O Globo)