Cotidiano
Caos em aeroporto de Lisboa deve prejudicar turismo de Portugal
Operando no limite das suas capacidades, a falta de infraestrutura tem causado muitos transtornos aos passageiros, principalmente aqueles que vêm de fora da Europa. Mas a solução mais otimista, que passa pela abertura de um novo aeroporto, deverá chegar somente em 2022. O aeroporto Humberto Delgado, de Lisboa, está operando no limite das suas capacidades
olafpictures/Creative Commons
Chegam as férias de verão na Europa e a situação no aeroporto de Lisboa vira um caos. A capital portuguesa ganhou pelo segundo ano o prêmio de “melhor destino europeu”, além de outras atrações e regiões de Portugal terem sido classificadas no topo do ranking dos “Oscars” do turismo mundial, como praias e circuitos ecológicos.
Calcula-se que 20 milhões de turistas visitaram o país em 2017, um número quase duas vezes mais que a população do país, que não chega a 11 milhões. A taxa de ocupação dos hotéis chega a 80%, a maior do velho continente.
Mas o crescimento de passageiros e movimentos no aeroporto de Lisboa um universo que dobrou em dez anos e que, só no ano passado, subiu quase 20% aumenta também o volume de queixas.
Atrasos constantes, falta de funcionários para o check-in, muito tempo para a recuperação das malas e até problemas para conseguir um táxi, com filas que facilmente ultrapassam os trinta minutos, acontecem diariamente.
Voos prejudicados diariamente
Para os que não têm passaporte dos países europeus a situação é ainda pior: podem ficar até duas horas na fila de controle. A situação está deixando a ANA, empresa que administra a infraestrutura aeroportuária, sob forte pressão, com reclamações que subiram 43% neste ano.
Até a seleção nacional de futebol foi uma das “vítimas” da falta de capacidade do aeroporto Humberto Delgado. A comitiva foi avisada que a saída de Moscou seria atrasada por causa do volume do tráfego aéreo em Lisboa. Consequência: só chegou na capital por volta das 20h, quando a previsão inicial era às 17h30, deixando os torcedores em alvoroço.
Sem obras de ampliação ou reforço dos serviços de atendimento e processamento de voos e passageiros, o aeroporto da capital enfrenta um duro teste diante da perspectiva de aumento do número de movimentos naquele espaço. A grande maioria dos voos intercontinentais chegam em Lisboa, que ainda tem um aeroporto localizado somente a 15 minutos do centro da capital, em plena cidade, o que dificulta a expansão do mesmo.
Confusão no planejamento
Esta situação atual já tinha sido prevista no governo do ex-premiê José Sócrates, há quase dez anos, que queria construir um novo aeroporto na cidade de Ota, situada a 50 km da capital, e ainda uma linha de trem-bala para conectar o terminal com o resto do país e a Espanha. Depois ficou decidido que a melhor solução seria utilizar o aeroporto militar já existente em Montijo, do outro lado do Rio Tejo, com a construção de uma terceira ponte sobre o rio para facilitar o acesso.
Mas com a chegada do governo dos Sociais Democratas e as medidas de austeridade, este foi o primeiro projeto a ser engavetado e só agora começa a ser repensado. Mas existe uma forte pressão dos ecologistas por se tratar de um estuário importante para a fauna e flora da região. Os estudos de impacto ecológico estão sendo feitos e se prevê, que na versão mais otimista, as obras comecem no próximo ano e terminem só em 2022.
Porém, ainda não se fala na construção da terceira ponte. E isso será um grande problema já que as duas existentes estão completamente engarrafadas na hora do rush o que vai fazer com que o passageiro perca muito tempo e dinheiro para chegar ao destino.
Soluções provisórias
Alguns operadores de turismo, prevendo um caos, começam a pensar na opção de utilizar um pequeno aeroporto da cidade de Beja no Alentejo, que está a duas horas e meia da capital de carro, sem ligação ferroviária. Ou seja, uma solução que não deve agradar muito a maioria dos viajantes.
Muito provavelmente, Portugal irá perder cerca de um milhão de turistas por ano, segundo Francisco Calheiros, o presidente da Confederação do Turismo Português. “A superlotação no aeroporto de Lisboa terá um grande impacto na economia do país, sabendo o que cada turista gasta em diferentes setores”, explicou.
Ele foi curto e grosso ao afirmar numa entrevista que o aeroporto de Lisboa está “entupido”, e, por isso, não hesita em classificá-lo como “uma pedra no sapato do país”, gerando uma imagem negativa logo na entrada. Vale lembrar que o aeroporto de Lisboa recebeu no ano passado 27 milhões de passageiros e até maio deste ano já chegou aos 11 milhões.
O governo regional da Ilha da Madeira, cujo turismo tem sido muito prejudicado pelo caos das conexões na capital, começa a estudar a possibilidade de usar Barcelona como hub para os voos que vem do exterior e promete processar a TAP e a administração do aeroporto de Lisboa.
olafpictures/Creative Commons
Chegam as férias de verão na Europa e a situação no aeroporto de Lisboa vira um caos. A capital portuguesa ganhou pelo segundo ano o prêmio de “melhor destino europeu”, além de outras atrações e regiões de Portugal terem sido classificadas no topo do ranking dos “Oscars” do turismo mundial, como praias e circuitos ecológicos.
Calcula-se que 20 milhões de turistas visitaram o país em 2017, um número quase duas vezes mais que a população do país, que não chega a 11 milhões. A taxa de ocupação dos hotéis chega a 80%, a maior do velho continente.
Mas o crescimento de passageiros e movimentos no aeroporto de Lisboa um universo que dobrou em dez anos e que, só no ano passado, subiu quase 20% aumenta também o volume de queixas.
Atrasos constantes, falta de funcionários para o check-in, muito tempo para a recuperação das malas e até problemas para conseguir um táxi, com filas que facilmente ultrapassam os trinta minutos, acontecem diariamente.
Voos prejudicados diariamente
Para os que não têm passaporte dos países europeus a situação é ainda pior: podem ficar até duas horas na fila de controle. A situação está deixando a ANA, empresa que administra a infraestrutura aeroportuária, sob forte pressão, com reclamações que subiram 43% neste ano.
Até a seleção nacional de futebol foi uma das “vítimas” da falta de capacidade do aeroporto Humberto Delgado. A comitiva foi avisada que a saída de Moscou seria atrasada por causa do volume do tráfego aéreo em Lisboa. Consequência: só chegou na capital por volta das 20h, quando a previsão inicial era às 17h30, deixando os torcedores em alvoroço.
Sem obras de ampliação ou reforço dos serviços de atendimento e processamento de voos e passageiros, o aeroporto da capital enfrenta um duro teste diante da perspectiva de aumento do número de movimentos naquele espaço. A grande maioria dos voos intercontinentais chegam em Lisboa, que ainda tem um aeroporto localizado somente a 15 minutos do centro da capital, em plena cidade, o que dificulta a expansão do mesmo.
Confusão no planejamento
Esta situação atual já tinha sido prevista no governo do ex-premiê José Sócrates, há quase dez anos, que queria construir um novo aeroporto na cidade de Ota, situada a 50 km da capital, e ainda uma linha de trem-bala para conectar o terminal com o resto do país e a Espanha. Depois ficou decidido que a melhor solução seria utilizar o aeroporto militar já existente em Montijo, do outro lado do Rio Tejo, com a construção de uma terceira ponte sobre o rio para facilitar o acesso.
Mas com a chegada do governo dos Sociais Democratas e as medidas de austeridade, este foi o primeiro projeto a ser engavetado e só agora começa a ser repensado. Mas existe uma forte pressão dos ecologistas por se tratar de um estuário importante para a fauna e flora da região. Os estudos de impacto ecológico estão sendo feitos e se prevê, que na versão mais otimista, as obras comecem no próximo ano e terminem só em 2022.
Porém, ainda não se fala na construção da terceira ponte. E isso será um grande problema já que as duas existentes estão completamente engarrafadas na hora do rush o que vai fazer com que o passageiro perca muito tempo e dinheiro para chegar ao destino.
Soluções provisórias
Alguns operadores de turismo, prevendo um caos, começam a pensar na opção de utilizar um pequeno aeroporto da cidade de Beja no Alentejo, que está a duas horas e meia da capital de carro, sem ligação ferroviária. Ou seja, uma solução que não deve agradar muito a maioria dos viajantes.
Muito provavelmente, Portugal irá perder cerca de um milhão de turistas por ano, segundo Francisco Calheiros, o presidente da Confederação do Turismo Português. “A superlotação no aeroporto de Lisboa terá um grande impacto na economia do país, sabendo o que cada turista gasta em diferentes setores”, explicou.
Ele foi curto e grosso ao afirmar numa entrevista que o aeroporto de Lisboa está “entupido”, e, por isso, não hesita em classificá-lo como “uma pedra no sapato do país”, gerando uma imagem negativa logo na entrada. Vale lembrar que o aeroporto de Lisboa recebeu no ano passado 27 milhões de passageiros e até maio deste ano já chegou aos 11 milhões.
O governo regional da Ilha da Madeira, cujo turismo tem sido muito prejudicado pelo caos das conexões na capital, começa a estudar a possibilidade de usar Barcelona como hub para os voos que vem do exterior e promete processar a TAP e a administração do aeroporto de Lisboa.