Em greve desde o dia 19 de setembro em 21 estados, e desde o dia 26 nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, os trabalhadores dos Correios continuam reivindicando que a direção da empresa volte a negociar com a categoria. A data-base deveria ter ocorrido desde o dia 1º de agosto. No dia 20 de setembro, a direção da ECT se reuniu e aprovou em ata o fim de todos os benefícios concedidos aos trabalhadores no Acordo Coletivo de Trabalho 2016/2017. Ou seja, ficarão sujeitos apenas às obrigações da nova CLT, como salário e vale-transporte.
Em assembleia realizada na última sexta (29), em Curitiba, os trabalhadores decidiram pela manutenção da greve por tempo indeterminado. São cerca de 1.300 trabalhadores em todo o Estado que paralisaram suas atividades. Os Correios possuem 108 mil funcionários, sendo 6,5 mil somente no Paraná.
Na quinta (28), o ministro do TST, Emmanoel Pereira, atendendo a um pedido da direção da ECT, considerou a grave abusiva. A Fentect, federação que representa a categoria, já interpôs recurso. A direção da empresa também já descontou sete dias de salário dos funcionários – alguns nem haviam aderido à greve, o que foi considerado uma prática abusiva e antissindical por parte da empresa. Segundo a Lei de Greve, os descontos ou reposição só podem ser feitos após o término das paralisações e as negociações serem acordadas com as representações dos trabalhadores.
Os funcionários dos Correios querem 8% de reposição da inflação, são contra a privatização da empresa e protestam contra o fechamento dos bancos postais. Também exigem a manutenção dos benefícios conquistados no último acordo coletivo. Por determinação da direção da ECT, os bancos postais deixaram de funcionar a partir do dia 11 de outubro, atingindo 412 agências no Paraná.
O secretário geral do Sindicato dos Talhadores dos Correios no Paraná (Sintcom-PR), Marcos Rogério Inocêncio (China), alerta que a empresa está sendo sucateada para ser privatizada. “Temos o menor salário entre as estatais e desde 2011 sem concurso público. Somos aqueles que trabalham de madrugada, no sol, na chuva, em áreas de enchente, sujeitos a todo tipo de violência, desde assalto a mordidas de cachorro. Só queremos continuar prestando um serviço de qualidade à população em todos os cantos do Brasil, onde a inciativa privada não tem o menor interesse em atuar”, apontou Inocêncio.
Nesta terça-feira (03), os funcionários dos Correios participam de ato nacional em defesa das estatais. A concentração será na sede dos Correios, em Curitiba, com caminhada até a praça Santos Andrade, onde se juntarão a outros sindicatos e centrais de trabalhadores.