Empresários e investidores com terrenos no Loteamento Cidade Industrial se reuniram no início da noite desta quinta, 16, na prefeitura, para entenderem melhor as irregularidades apontadas em relatório elaborado pela Secretaria Municipal de Obras Públicas (Semop) de Maringá.
O documento, ilustrado com gráficos e fotos, mostra a impossibilidade de iniciar construções no empreendimento por falta de energia, água e rede de esgoto. Outras intervenções na infraestrutura também são necessárias, como a readequação de ruas, traçadas num tamanho inferior ao exigido pela legislação.
O prefeito Ulisses Maia detalhou os problemas e lembrou que o município já investiu mais de R$ 65 milhões no projeto. A finalização das quatro etapas da obra, numa estimativa aproximada, custaria mais R$ 50 milhões (somente a parte 4 do empreendimento consumiria R$ 24 milhões). “Não dispomos desses recursos”, disse o prefeito, enfatizando que a prioridade será a solução dos problemas das três primeiras partes, que exigirá investimentos de R$ 26 milhões. “Estamos aqui para ser transparentes, sem promessas e sem fantasia. Temos que ser realistas”, disse.
“Mas vamos resolver os problemas da falta de água, de esgoto e de energia elétrica, além de alargar as ruas em mais 1,5 metro para deixá-las dentro do padrão legal exigido”, disse o prefeito. Ulisses Maia disse que o município não dispõe dos recursos em caixa e muito menos previsão orçamentária, mas vai atrás dos investimentos. Sobre prazos, lembrou que cada obra demanda um período de execução, mas encarregou a Secretaria de Obras Públicas de preparar um organograma para dar o máximo de transparência no processo. Nova reunião com empresários será realizada em março.
Durante a reunião um outro tema chamou a atenção: a duplicação da avenida Carlos Borges, apontada como urgente e necessária para facilitar o acesso ao parque industrial e resolver problemas de logística, tanto do transporte de carga como de deslocamento de funcionários. O prefeito Ulisses Maia reconheceu a importância da obra, mas sublinhou que a escassez de recursos exige definir prioridades. A duplicação da avenida até o loteamento industrial demandaria desapropriações com custo estimado em cerca de R$ 15 milhões, elevando a inversão de recursos em R$ 41 milhões.
Empresários também manifestaram preocupação com o início da construção dos seus empreendimentos nos terrenos adquiridos no loteamento, temendo implicações jurídicas eventuais com atrasos. O Programa de Desenvolvimento Econômico de Maringá (Prodem) prevê seis meses para o início das obras a partir da entrega do terreno. Vereadores presentes ao evento se comprometeram em estudar alterações na legislação para buscar uma solução diferenciada para o problema, considerando a crise econômica que retirou do empresariado a capacidade de investimento.
As irregularidades constatadas no projeto são acompanhadas por comissão de vereadores, especialmente criada para aprofundar o entendimento dos problemas no parque industrial e apontar responsáveis para aplicação de medidas judiciais, se for o caso. Não se descarta também a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os problemas a partir das apurações iniciais. A Câmara de Vereadores também encaminhou ofício ao Tribunal de Contas do Estado solicitando uma auditoria técnica no loteamento industrial.
Também participaram da reunião o vice-prefeito, Edson Scabora, os secretários Marcos Zucoloto (Obras Públicas), Celso Saito (Planejamento e Urbanismo), Francisco Favoto (Inovação e Desenvolvimento Econômico) e Laércio Fondazzi (Gestão) e os vereadores Odair Fogueteiro, Sidnei Teles, Do Carmo, Jean Marques. Altamir dos Santos, Chico Caiana, Mário Verri, Flávio Vicente, Belino Bravin e Willian Gentil.