Prefeitura começa a pagar R$ 120 milhões para cargos comissionados da administração de Ricardo Barros, entre eles está o vice-prefeito da época
Akito Willie Taguchi era vice-prefeito e assina a Lei como secretário de economia e se beneficia em mais de 1 milhão de Reais
A Prefeitura de Maringá já começou a pagar os R$ 120 milhões referentes à trimestralidade de cargos comissionados da administração Ricardo Barros (1989-92), hoje líder do presidente Bolsonaro na Câmara Federal. 15% do valor foi depositado pela administração, e o restante será pago em parcelas anuais. Entre os beneficiados estão o ex-vice-prefeito Willy Taguchi, à época secretário de Economia, e vários secretários municipais. A informação do início do pagamento é de Victor Faria, do Hoje Mais Maringá.
A trimestralidade é fruto de uma revogação da lei de reajuste salarial trimestral, assinada em 1988 pelo então prefeito Said Ferreira. A revogação foi assinada no dia 26 de fevereiro de 1991, de forma retroativa a partir do dia 1º de janeiro do mesmo ano. “Por ser decisão judicial, e vencidos os prazos recursais, a Prefeitura de Maringá nada pode fazer, senão o cumprimento [da decisão], independente do mérito”, informou a prefeitura em nota.
O trânsito em julgado do precatório foi publicado aqui em 7 de outubro. A Prefeitura de Maringá não deu publicidade à decisão nem a relação dos beneficiados. A trimestralidade foi negada em 1992 aos 3.798 servidores de carreira que, depois de quase três décadas, começaram a receber R$ 70 milhões. Só um grupo de 98 ex-cargos de confiança do ex-prefeito Ricardo Barros (PP) receberão quase o dobro dos milhares de servidores: R$ 120 milhões. Nem todos os cargos comissionados (eram centenas) ingressaram com ação na justiça. Em média, cada um dos CCs de Barros que ingressaram na justiça receberá R$ 1,2 em média, contra R$ 18,4 mil dos milhares de servidores concursados da época.
Entre os beneficiados com a dinheirama estão ex-vereadores e ex-secretários municipais, como Jacira Martins, Alcides Tavares, Lourival Fialho de Carvalho, José Crisógno Carvalho, José Edmir Falkemback, Antonio Mário Manicardi e o ex-vice-prefeito Akito Willy Taguchi, que assinou a revogação que garantiu o questionamento judicial. Entre eles estão alguns que já faleceram. O prejuízo causado por Ricardo Barros 29 anos depois de ter deixado a Prefeitura de Maringá pela janela, só com o não pagamento do gatilho salarial, beira os R$ 200 milhões.
O precatório original, de 2016, era no valor total de R$ 79.715.506,01, mas as administrações do PP (Silvio Barros II e Carlos Roberto Pupin) recorreram com o objetivo de postergar. O resultado foi o salto no valor, devido aos juros. Confira aqui a relação dos beneficiários, que receberão o dinheiro parceladamente até 2027. (inf Angelo Rigon)