
As entidades que representam médicos e outras categorias da área da saúde estão esclarecendo nos últimos dias sobre o risco das chamadas “fiscalizações” em unidade públicas de saúde feitas por políticos, principalmente por vereadores. A “invasão” trata-se de violação às prerrogativas médicas e coloca em risco muitas vezes pacientes em atendimento, havendo registro de morte por conta de interrupção de procedimento.
Em Maringá, na quarta-feira, dois vereadores da base aliada do prefeito Silvio Barros II (PP) postaram vídeos com “fiscalização” na UPA Zona Sul, chegando a mostrar imagens internas de pacientes aguardando atendimento; um dos vereadores bateu boca com um deles. Eles criticaram a superlotação, enfermeiros cansados e até gente aguardando medicação havia horas. Os vereadores Guilherme Machado (PL) e Lemuel Wilson Rodrigues (PDT) gravaram imagens dentro e fora do UPA e disseram que iriam “buscar algumas respostas pra vocês”.
Em outro vídeo, Guilherme Machado, suplente que assumiu no lugar de Luiz Alves, atual secretário de Segurança Pública e Mobilidade Urbana, aparece discutindo com uma pessoa que não queria ser filmada. “Eu sou um fiscal dessa cidade, estou filmando e vou filmar”, afirmou, acrescentando que as autoridades devem saber que “isto aqui existe”. Na hora da gravação havia poucas pessoas aguardando serem atendidas. Horas depois, as postagens foram apagadas.
A atitude dos dois vereadores vai contra as últimas recomendações do Cremesp (SP) e do CRM-PR. O Conselho Regional de Medicina de São Paulo repudiou um vereador de Guarulhos que recentemente provocou constrangimento e ameaças aos médicos. A atitude pode acabar estimulando os demais a agir contra funcionários das unidades de saúde, sejam UBS, hospitais ou UPAs, o que viola a legislação. (inf Angelo Rigon)