Opinião

Um olhar atento e livre sobre a Maringá de 2025

Por Victor Faria
Hoje Maringá

Existe algo de poético em nos colocarmos em perspectiva a partir do tempo. Mais precisamente, a partir dos meses. A cabeça do ser-humano é tão peculiar, que consegue se moldar em um curto período de 30 dias. Em dezembro, tudo acaba. Em janeiro, tudo começa. As promessas que não cumprimos, convertem-se em novos ases, novas perspectivas. De dezembro, portanto, nos colocamos na posição em que deveríamos nos colocar: reflexão do que aconteceu.

Falo de Maringá, hoje, com um distanciamento confortável. Faz algum tempo que não moro na cidade, muito embora minhas visitas sejam frequentes. Se eu pudesse definir o ano da terceira gestão de Silvio Barros em uma palavra seria “caos”. Por definição, no dicionário Aurélio, caos é “Desordem, confusão, balbúrdia, bagunça, perturbação, amontoado de coisas misturadas, desorganização”.

Neste ano, vi uma rebelião infantil, enquanto o prefeito estava em São Paulo. Vi ele algemado dentro de uma escola, em uma das cenas mais bizarras que vi nos últimos 10 anos da política maringaense – tanto é que, por ordem judicial, o vídeo foi retirado do ar. Vi ele utilizar a bíblia para justificar uso de força física para “disciplinar” as crianças da cidade.

Nesse período, na minha leitura, vi um prefeito ausente, preocupado com viagens e as cidades do mundo, mas esquecendo da própria casa. Sinceramente, torço pela cidade, mas entre Frankfurt, Leiria, Londres, Tóquio e Nairóbi, além das viagens para São Paulo, Rio de Janeiro, Belém, Fortaleza e Brasília, acho que sobrou muito pouco tempo para a cidade que escolheu ele: Maringá.

Se o que não tem remédio, remediado está e o tempo é o melhor remédio, Maringá parece estar com os ponteiros de 2025 parados. Chegamos em dezembro, da forma como estávamos em janeiro. Caóticos. Após uma Flim (Festa Literária Internacional de Maringá) digna de esquecimento, um natal apagado e a notícia de R$ 420 mil para o show de Pedro Paulo e Alex para a virada do ano.

Enquanto isso, uma reforma da previdência enfiada goela abaixo dos servidores, sem o respeito cabido, em uma câmara de vereadores subserviente (em maioria). Câmara aliás que há tempos não surpreendia de forma tão negativa. A vereadora Majô, no meu ponto de vista, foi uma infeliz surpresa. Mas se tem algo que não falha é o desgosto e teremos a oportunidade de falar com mais ênfase sobre nosso legislativo.

Por fim, fui impelido a fazer um balanço e vi que fui decepcionado no discurso, nas ações e na falta delas. Foi um ano triste para Maringá. Meus votos são para que o capuz da humildade chegue aos suseranos dessa futura vila medieval (caso confirme-se o festival) chamada Maringá. Que eles se concentrem em nosso povo e nossas raízes. Que 2026 seja de progresso real e não de fantasias antiquadas que tentam vender a imagem de novidade. Maringá merece mais. Mais presença, mais luz, mais canção.

Que janeiro, no paço municipal, seja de objetivos e não de promessas. Será que vale os palinhos sobre as ondas? Acho que não. Quanto mais pé no chão, melhor.

victor faria Um olhar atento e livre sobre a Maringá de 2025

Victor Duarte Faria é jornalista. Passou por diferentes jornais do Paraná em veículos impressos, rádio e televisão. Autor dos livros “O Sol de Um Novo Jeito” e “O Começo dos Dias Que Me Restam”, além de ter dirigido o filme documental “O Nome das Coisas”.

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