Política

Pesquisa com apenas dois cenários omite pré-candidatos a prefeito de Maringá

Levantamento é o último da PP sem necessidade de registro no TSE

Por Angelo Rigon:

Não são precisos mais que dois neurônios para perceber que o levantamento divulgado hoje pela manhã em aplicativos de mensagens e alguns sites por uma empresa de Curitiba é, digamos, no mínimo estranha. A Paraná Pesquisas, a poucos dias do prazo final para a divulgação de levantamentos sem a necessidade de registro junto à Justiça Eleitoral, foi utilizada pelos aliados do PP como a empresa que fez a “pesquisa oficial” – seja lá o que isso signifique.

A estranheza começa pela falta de vários nomes de pré-candidatos a prefeito na resposta espontânea – afinal, que espontaneidade é essa que não traz nomes como os de Dr. Batista (União), Delegado Jacovós (PL) e Humberto Henrique (Solidariedade), que sempre se destacaram em outras pesquisas, sem falar de Evandro Oliveira (PSDB), Soldado Adriano José (PP), Francisco Favoto (PSD) e Evandro Araújo (PSD), e ainda do secretário de Saúde, Clóvis Melo, que deve mesmo disputar a vereança. A julgar pelos números da Paraná Pesquisas (as iniciais são mera coincidência), todos eles estariam em “outros nomes citados” que somariam 0,1%.

Mas o que chama a atenção mesmo de quem é da área é o fato de terem sido divulgados apenas dois cenários na pesquisa estimulada. Nos dois quem lidera é Silvio Barros II (PP), que não assumiu a pré-candidatura. Em ambos os cenários não foram colocados os nomes de Jacovós e Dr. Batista, os primeiros a manifestar a pretensão de disputa do Executivo. Os demais cenários, se feitos, não foram divulgados.

O material que circulou nesta quarta, 27, não informa quem contratou a pesquisa e foi a última que pode ser usada este ano. As sondagens feitas a partir de 1º de janeiro devem ser obrigatoriamente registradas na Justiça Eleitoral cinco dias antes da divulgação. A publicidade dos dados sem o prévio registro pode resultar em multa que varia de R$ 53.205,00 a R$ 106.410,00.

O levantamento é publicado num momento em que o deputado licenciado Ricardo Barros, o mais novo, estaria “vendendo” – politicamente falando – a pré-candidatura do mais velho, Silvio, como aconteceu em 2014 (leia mais). E teria pressa, para garantir em troca o máximo de apoio para a eleição da vaga de Sergio Moro. Acredita que seria aclamado?

Vem também numa hora em que quem está ao lado do ex-prefeito, que vem de dois desapontamentos do ex-prefeito Silvio Barros II (a candidatura a governador, pelo PHS, em 2014, e a derrota para Ulisses Maia, em 2016, sem contar a derrota da cunhada em 2018); segundo uma pessoa próxima, ele estaria cada vez mais desanimado. Talvez explique o fato o teor da postagem de O Diário de Maringá que traz o título “Silvio Barros: preparado para enfrentar a terceira derrota, só que dessa vez no primeiro turno nas eleições de 2024?”.

PS – Em 2016, num debate, uma pergunta bem colocada levou Ulisses (na época, no PDT) para o segundo turno, superando o favorito Quinteiro (na época, no PSB). Os Barros sabem que uma pergunta bem feita, em qualquer debate eleitoral, seria fatal para suas pretensões. O melhor é mesmo colocar agora a placa de “Escambo” defronte o Posto Ipiranga.

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