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Chega a telona o filme da Lava-Jato

Bastidores
Do outro lado do corredor do Park Shopping Barigui dava para sentir o perfume dos convidados da noite de pré-estreia do filme “Polícia Federal – A Lei é para Todos”, em Curitiba, nesta segunda-feira (28). Clientes observavam a movimentação atípica de cinegrafistas e fotógrafos, enquanto a elite do Judiciário Federal curitibano chegava à sessão do primeiro filme da Lava-Jato.

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Os juízes Marcelo Bretas (à esq.) e Sergio Moro assistem à pré-estreia do filme ‘Polícia Federal – a Lei é para todos’, em Curitiba (foto Geraldo Bubniak)

Nesta noite, o longa ocuparia as oito salas do complexo, mas juízes, delegados e elenco do filme tomariam apenas uma delas, justamente a mais cobiçada, onde se sentariam mais tarde, na companhia das mulheres, os juízes de Curitiba, Sergio Moro, e do Rio, Marcelo Bretas, na primeira aparição pública traduzida em apoio mútuo, como dupla.
— Se jogarem uma bomba na sala 5… imagine o luto. Deve ser por isso que a pulseirinha é preta – brincava em uma rodinha de colegas o juiz Marcos Josegrei da Silva, o segundo mais pop da Justiça Federal em Curitiba, à frente de operações como “Hashtag” e “Carne Fraca”.
Uma hora antes da sessão, boa parte do elenco circulava entre jornalistas de política e cobertura criminal convidados pela produção do longa.
— Cada delegado que aparece no filme, na verdade, é a junção de vários delegados — apressava-se em explicar o ator Bruce Gomlevisky, cujo personagem é idêntico ao delegado da vida real Márcio Anselmo, um dos principais nomes da Lava-Jato.

O filme
Personagens reais e fictícios convivem entre si e travam diálogos cheios de licença poética no filme. Portanto, que fique claro desde já: nem tudo ali aconteceu exatamente como demonstrado. Apesar das semelhanças físicas entre os personagens da ficção e da vida real, delegados invertem papéis a todo momento.
Frases e construções são do roteiro. Mas de forma geral, o filme passou as coisas como aconteceram — resumiu ontem o delegado federal Igor de Paula.
Sempre melhor começar pelos méritos: os ambientes de episódios do filme são reproduzidos à risca. Do escritório de delegados da PF, do juiz Sergio Moro e casas de Marcelo Odebrecht e do ex-presidente Lula, até mesmo à tipografia usada em despachos do processo eletrônico, cenas reproduzindo CPI e depoimentos de delatores.Logo no início da trama, a esposa do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa quase desmaia ao ser informada que ele seria preso, pegando de surpresa investigado e investigadores. Um olhar sensível para efeitos da descoberta sobre corrupção insuspeita no seio familiar é lado pouco alcançado, até aqui, nos relatos da Lava-Jato.

Outro ponto alto é a busca e apreensão na casa de Marcelo Odebrecht e a obsessão do delegado responsável em recolher seu celular antes que o investigado pudesse impedi-lo. De fato, informações do aparelho do empresário foram o mapa da mina que levou a maior empreiteira brasileira a sucumbir diante da investigação.
A cena de condução coercitiva de Lula traz elementos fidedignos a ponto de reforçar a hipótese de que a equipe do filme teve acesso às imagens sigilosas feitas pela PF. No entanto, é quando se aproxima de Lula que o filme comete o primeiro equívoco: o ex-presidente é retratado como sujeito carrancudo e desprovido de qualquer sinal de empatia, ignorando-se a complexidade que envolve o carisma do político petista.
Imagem do filme sobre a Lava-Jato, com estreia prevista para 7 de setembro
O diretor Marcelo Antunez afirma que Lula é o único político presente por ter sido, até março de 2016, data em que o roteiro começou a ser gestado, “o ponto principal da Lava-Jato e seu objeto de maior controversa, tanto para o bem quanto para o mal”.
— Ninguém tem a infantilidade de achar que Lula é o vilão. Não existe vilão nessa história, nem heróis. Existem envolvidos — argumentou o diretor na noite desta segunda. (leia mais O Globo)

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redação

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