
Antes de conclusões precipitadas por parte de adoradores do prefeito Silvio Barros II, precisamos enaltecer o vídeo sobre o episódio, imperdoável, sem dúvida, do vandalismo registrado na Escola Municipal Angela Vergínia Borin, no Conjunto Requião no fim de semana, cujos custos de reparo recairão sobre o cidadão, ou seja, eu e você.
Silvio, ao longo do vídeo postado em sua rede social, usa as algemas, cravada em seus pulsos, como símbolo da incapacidade em resolver o problema pelo envolvimento de menores de idade no crime. Na prática, o gestor público e aqueles que o cerca no exercício de cargos com poder decisório, se mostram incapazes de dar resposta efetiva ao crime
Mas vamos à simbologia da algema, que instiga diversas interpretações e levam à constatação que, ao teatralizar o episódio com o uso do mecanismo de apelo policial, exagera na performance sem provocar a contrapartida da reflexão, e sim estimula memes, que inundaram as rede sociais. Mas vamos à leitura da cena:
1º O vídeo força na na construção de um discurso visual que não converge para o roteiro. Não é só teatral, é apelativo.
2º Teria sido mais adequado o uso da expressão de ‘mãos atadas’ para simbolizar a incapacidade e não apelar para as algemas.
3° Na composição do cenário posicionou mais quatro pessoas, entre elas o delegado Luiz Alves, secretário de Segurança. Se ele não é capaz de enfrentar um ato infracional cometido por um adolescente, o será de nós?
4º Nesse contexto, oportuno lembrar o episódio de um comandante da Polícia Militar que, intimidado pela marginalidade, disse que não sairia à noite para comer pizza com a família
5º Ainda no cenário se observam duas professoras, cuja autoridade não se sustenta no enquadramento e fora dele. A exposição não só põe em dúvida a capacidade das docentes em manter a ordem na escola, como reforça essa ideia
6º O vídeo disponibiliza farto material para montagens e memes, como se viu ao longo do dia, não só promovendo a diversão, mas reforçando a imagem negativa do personagem principal.

Pois bem. Comunicação é coisa séria. Não se pode querer lacrar ou alcançar milhares de views quando o assunto é relevante. Entendemos o que Silvio Barros queria demonstrar e concordamos com seu objetivo, mas o vídeo estimula discussão sobre os limites da comunicação institucional, especialmente na área pública.
O vídeo até pode ter alcançado repercussão nas redes, mas desfocou no objetivo de provocar a sociedade à reflexão em torno de tema que não é novo e sim recorrente na agenda do gestor público. Vandalismo não se combate com remuneração de denunciantes, outra redução na importância do enfrentamento do problema, e sim com ações. Não algemas!
Não se sabe se a ideia das algemas foi do prefeito ou de algum infeliz (ou a ideia foi infeliz?) que, no calor do discurso e do momento, cismou que ‘prender’ o prefeito e expô-lo ao ridículo do roteiro. E o mecanismo estava ali, ao alcance de um policial, ou seja, o secretário de Segurança, também personagem deslocado no cenário.
O teatro (amador seria desrespeitar quem exercita a arte condição) coloca o prefeito pela terceira vez no cenário do improvável, exercendo o papel de ator num roteiro de novela mexicana, com todos os elementos que a tornam risível. Quando lembramos que Silvio Barros II é o prefeito da terceira maior cidade do Paraná, a produção o deixa em situação ainda pior.
O episódio expôs uma falha significativa na comunicação do prefeito. Em tempos de redes sociais, a forma como uma mensagem é transmitida pode ter efeitos profundos e duradouros na opinião pública. É crucial que figuras públicas sejam cautelosas com as imagens e mensagens que divulgam, principalmente em contextos que podem ser facilmente mal interpretados.
O vídeo das algemas é um exemplo claro de como a comunicação inadequada pode levar a mal-entendidos e controvérsias. Para líderes políticos, é essencial manter uma comunicação clara, transparente e consciente do impacto potencial de suas ações. A situação serve como uma lição valiosa sobre a importância de estratégias de comunicação eficazes na gestão pública. Não é espaço para improviso e menos ainda para amadorismo.



